O facilitismo no ensino do IST
http://forum24.tecnico.ulisboa.pt/wp-content/uploads/2024/03/facilitismo.pdf
Relator pelo MTP: Pedro Bicudo , IST 18-03-2024
Um colega espanhol, Daniel Arias Aranda, publicou o artigo “Querido alumno: te estamos engañando” no El Mundo [1] sobre o facilitismo nas universidades do país vizinho, que fez furor e levou à publicação dum livro. Podemos perguntar-nos: o IST também tem evidências de facilitismo?
De facto o IST tem vindo a adotar práticas facilitistas, em particular com a atual direção.
1- O desempenho das disciplinas e dos professores é avaliado apenas pelos alunos, dando notas entre 1 e 9, de forma anónima, nos “QUC”, desde há vários anos. Não há avaliações por pares, nem é avaliado se o professor lecionou todo o programa ou se o simplificou. Esta é a única avaliação da atividade docente e impacta na carreira dos professores. Uma parte dos alunos, para aprovar nas disciplinas, pode assim pressionar os professores a facilitar.
2- Quando o novo modelo de ensino foi implementado no ano letivo de 2021/2022, as disciplinas foram obrigadas a avaliar os alunos por MAPs que deviam ter lugar durante as aulas teóricas. Ora as salas de aula normalmente têm o número de lugares próximo do número de alunos inscritos. Isto obrigou a maioria dos alunos a realizarem as suas provas encostados a outros colegas.
3- O presidente do IST recomendou no ano letivo de 2022/2023 aos coordenadores dos cursos que pressionem os professores para aprovarem pelo menos 80% dos alunos. Talvez esta seja a meta global da direção para a nossa escola. Mas esta imposição em disciplinas fundamentais permite que alunos não adquiram os conhecimentos estritamente necessários para a sua futura profissão.
4- No novo modelo de ensino, desde o ano letivo de 2021/2022 e até ao presente, a duração dos testes (agora MAPs) e exames foi reduzida. Os MAPs têm no máximo 45 min e os exames no máximo 2h . Anteriormente era normal os alunos terem exames de 3h, o que agora é proibido. A duração fica mais curta até que as 3h dos exames nacionais do ensino secundário, ou de outros sistemas educativos como em França, onde os exames são de 4h no secundário e na universidade.
5- Diz ainda o Regulamento de Avaliação de Conhecimentos e Competências: “A nota mínima de componentes de avaliação … no caso de Exame ou MAP, é no máximo de 8,0 valores.”
6- O aumento das vagas de acesso (numerus clausus), em contra-ciclo com a crise demográfica, também diminui a qualidade média dos alunos do IST, pressionando os cursos a facilitarem.
Acresce que o novo modelo de ensino stressa o nosso sistema educativo. Um sistema stressado e entrópico é menos eficiente e acaba por incentivar o facilitismo. Os períodos e o incentivo a aumentar o número de MAPs stressam professores e alunos. O número de disciplinas também aumentou, gerando mais stress, pois foram criadas disciplinas novas, apesar de, no IST e na UL, já haverem disciplinas suficientes para os minors e para as disciplinas de humanidades e artes.
[1] https://www.elmundo.es/papel/firmas/2023/10/10/6520495321efa076458b458b.html
A propósito do ponto 1 do artigo, em 22 de Fevereiro, o Plenário do Conselho Pedagógico aprovou a versão 2.1 do Regulamento QUC. Em 4.1.1, no Resultado global de um trio docente/tipo de aula/UC, o texto da versão 2.05
“▪ 0: Resultado Inadequado: M ≤ 3
▪ 1: Resultado A melhorar: M no intervalo ]3,5[
▪ 2: Resultado Regular: M no intervalo [5,8[“
foi alterado, na versão 2.1, para
“▪ 0: Resultado Inadequado: M < 5
▪ 1: Resultado A melhorar: M no intervalo [5,6[
▪ 2: Resultado Regular: M no intervalo [6,8[“.